Teatro e Auditório em Poitiers / Carrilho da Graça Arquitectos

© FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra

Poitiers: construindo um teatro e um auditório

Decidir o que é essencial num determinado programa para um local dado deveria ser o objetivo primordial de qualquer projeto arquitetônico singular – e nada mais. Isso ainda pode ser mais válido quando um edifício público está em causa, uma vez que envolve uma forte e vibrante interação com a cidade como um “trabalho em progresso”.

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O edifício deve ser o mais simples possível, desempenhando um papel distintivo como catalisador e suporte para atividades artísticas e eventos, e contribuindo para a interação social. Deve ser limpo, forte, porém de presença discreta e um marco na cidade, transmitindo informações sobre o seu próprio conteúdo que pode ser lido em diferentes níveis.

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O mais simples possível

A plataforma de calcário aberta ao público garante uma continuidade espacial com a cidade e uma homogeneidade do material com o entorno. Sutilmente suspensos acima, também, estão os volumes de paralelepípedo do edifício, revestidos por um vidro branco fosco. Esta pele dupla – concreto/vidro – foi o único gesto de “luxo”, para isto trabalhar como um meio que permite mutações no exterior do edifício – de cor, luz, imagem… No interior, a possibilidade de comunicação.

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O auditório

Projetar uma sala exclusivamente dedicada para a música contribuiu com um ótimo resultado acústico e arquitetônico.
A forma tipológica do salão é o de uma caixa de sapatos, um grande espaço retangular com uma área de estar plana. Este modelo – herdado de teatros do séc. XIX é uma opção esquecida atualmente, com a popularidade de salas polivalentes – garante a qualidade e homogeneidade da performance musical, como sua forma suprime a absorção sonora principal e fragmentada (geralmente causada por estar em áreas inclinadas).

© FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra

No interior, as paredes inclinadas feitas de madeira são separadas a partir de uma superfície do recipiente, produzindo um espaço único que incorpora tanto o palco quanto a orquestra. A sua forma ligeiramente redonda, ditada pela acústica, e sua textura brilhante criam uma estrutura que contrasta com as formas mais escuras e rígidas.
Como resultado, as superfícies de texturas delicadas, que difundem o som, fornecem perfeição acústica e uma sensação de bem-estar sensorial para os artistas e público.
Hall e foyer se comunicam através de portas articuladas disfarçadas de paredes laterais. Uma vez fechada, a continuidade da textura da madeira garante uma leitura homogênea do recipiente espacial.

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O Teatro

A sala de teatro foi concebida para ser extremamente versátil e “performática”, a fim de permitir que diferentes tipos de produções e eventos tenham lugar.
Nós tentamos atender tanto as exigências técnicas da “máquina do teatro” e as exigências da intimidade, bem-estar, visual e acústico, otimização acústica da plateia duma forma balanceada e flexível.

© FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra

A plateia é totalmente configurada por meio de placas de fibra de gesso que produzem uma forma unitária, escura, neutra, um monocromático “casulo” sem limites, apenas pontuada pelas portas, sala de controle e camarotes. Sua forma homogênea e materiais garantem eficácia acústica, a sua simplicidade enfatiza a performance no palco.

Planta pavimento térreo

 

Ficha técnica:

Equipe:

  1. Arquitetos: João Luís Carrilho da Graça
  2. Equipe de Projeto: Giulia de Appolonia, João Trindade, Nicola Marchi, Giorgio Santagostino, João Manuel Alves, Mónica Margarido, Tiago Castela, architects; Miguel Casal Ribeiro, Emanuel Romão, junior architects (project design) Tiago Castela, João Manuel Alves, Marcos Roque, Susana Rato, Ana Lobo Martins, Paulo Costa, Miguel Costa, Inês Vieira da Silva, Inês Cortesão, Pedro Teixeira de Melo, Joanna Malitzki, Filipe Homem, architects; Paula Miranda, Frederique Petit, Elena Miret, Julieta Cunha, Emanuel Romão, Natacha Viveiros, Pedro Homem, Rui Sabino de Sousa, Annette Goehringer, junior architects (construction) Francisco Freire, Filipe Homem, Ana Lobo Martins, Frederico Santos, Sylvain Grasset, Raquel Morais, Andreia de Sá, architects; Nuno Pinto, graphic
  3. Arquiteto de Operação: Hervé Beaudouin
  4. Paisagismo: GLOBAL – João Gomes da Silva
  5. Design Gráfico: P-06 ATELIER, Nuno Gusmão
  6. Engenharia Estrutural: DL Structures
  7. Acústica: COMMINS ACOUSTICS WORKSHOP – Daniel Commins
  8. Cenografia: Scéne, Jean-Hugues Manoury, Dominique Borlot
  9. Instalações Elétricas e Hidráulicas: Yac Ingénierie / William Gaudais
  1. Orçamento: 45,000,000 €

Sobre este escritório
Cita: Victor Delaqua. "Teatro e Auditório em Poitiers / Carrilho da Graça Arquitectos" 17 Mai 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-49125/teatro-e-auditorio-em-poitiers-carrilho-da-graca-arquitectos> ISSN 0719-8906

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